domingo, junho 13, 2010

Have you ever seen the light?

- NÃO! – Eu gritei – Por favor, não faça isso, eu te imploro... Não me deixe!
Ele me olhou por cima do ombro. Havia lágrimas em seus olhos, assim como nos meus. Quando nosso olhar se encontrou, eu pude ver sua dor. Eu precisava parar ele.
- Por que eu deveria voltar atrás? – ele perguntou segurando um soluço – Você não vê minha dor?
- É claro que eu vejo, mas nós podemos dar um jeito – Eu disse, tentando me agarrar em algum argumento convincente – Não precisa terminar assim. Você não pode me deixar sozinha!
Ele voltou sua cabeça para frente, e encarou o chão aos seus pés, considerando minha oferta de que ajudaria ele, assim eu esperava.
- Minha querida, eu nunca te deixaria sozinha – ele me olhou novamente, com um sorriso que eu simplesmente amava – Como eu poderia fazer isso com você? A minha melhor amiga...
- Então volte! – Eu disse o interrompendo, estava desesperada – Lembre das coisas felizes que passamos juntos, das nossas promessas de um futuro inteiro próximos um do outro, de nossos filhos brincando, enquanto conversamos na varanda... Por favor, eu não consigo suportar a idéia de te perder.
- Você nunca irá me perder, eu sempre vou estar aí pra você – Ele subiu um degrau que estava à sua frente, fazendo com que meu corpo congelasse por inteiro.
Inconscientemente eu dei um passo mais próximo a ele, e outro, e mais outro, parando a uns 10 passos de distância. Meu melhor amigo queria me deixar, e tudo que eu podia fazer era tagarelar com a esperança de que ele me ouvisse e desistisse dessa idéia insana.
Uma brisa delicada tocou nossos cabelos, me arrepiando da cabeça aos pés, era fim de outono e o frio começava a chegar. Nunca pensei que odiaria tanto essa época do ano como eu odeio hoje. As lembranças daquele dia passeiam pela minha mente o tempo inteiro, nunca esquecerei do meu pior pesadelo.
- Por favor... – eu supliquei uma última vez, minha voz morrendo ao perceber que ele subia mais um degrau, o último. Não tinha mais controle do meu corpo, estava amortecida, chorava feito uma criança e tremia da cabeça aos pés.
- Me desculpe minha pequena – ele disse enchendo os pulmões com uma grande quantia de ar – Mas eu preciso fazer isso, saiba que eu sempre te amarei, não importa onde eu estiver.
Ele me olhava firmemente nos olhos, eu não tive coragem de desviar o olhar, não se seria a última vez que o veria. Queria aproveitar o brilho de seus olhos enquanto havia tempo.
Ele sorriu um sorriso fraternal, um sorriso quente, mas ao mesmo tempo frio, e nos seus olhos refletida toda a tristeza contida em sua alma. Ele deu um último e longo suspiro, se virando de costas para mim, e inclinando seu corpo um pouco para frente. Já não suportando aquilo, me afoguei num choro histérico, chegara a hora que eu temi por tanto tempo. Senti uma angústia me invadir por dentro e queimar minha garganta, eu já não conseguia falar.
Um segundo e ele não estava mais ali. Ele havia pulado do 8º andar. Eu corri pro parapeito do telhado, me inclinando, querendo acreditar com todas as forças que ele estava brincando, e estaria ali pendurado, chorando de tanto rir da minha cara. Mas o que vi, foi meu melhor amigo estatelado no chão, parecendo um boneco de pano, que se dobra inteiro. Uma poça de sangue se formando em volta dele. Me afundei no chão, não suportando a cena, aquilo não podia ser verdade, meu coração se despedaçava em mil pedaços, já não o sentia batendo. Meu único melhor amigo há 15 anos havia me abandonado. Senti meu corpo tremer, não sentia mais a brisa fria de antes, não sentia a luz do sol que sumia no horizonte, estava tudo escuro para mim.
Ouvi passos vindos até mim, olhei para a pessoa que se aproximava não a reconhecendo, tamanha era a quantia de lágrimas que brotavam nos meus olhos, os embaçando.
Quando ouvi sua voz, reconheci a mãe do meu melhor amigo e lembrei que eu havia ligado para ela. Ergui minha cabeça, tentando encontrar minha voz, que estava perdida dentro de mim. Fiz um esforço, o que pareceu despedaçar cada pedaço do meu corpo.
- Ele se foi. – foi a única coisa que falei. Fiquei sentada ali chorando por não sei quanto tempo, até que adormeci.

Dois meses sem postar... Meu Deus!!
Me desculpem o texto dramático, é tudo o que eu tenho por hora :(
;*