quinta-feira, abril 22, 2010

Selfish

(...) Eu podia ler nos olhos dele, eu percebia em cada movimento, o suor e as lágrimas exalavam o cheiro de algo que eu odiava. Ele era egoísmo, e só. Em cada célula, em cada fio de cabelo, em cada tremor que eu sentia que suas mãos tinham sob os meus dedos, em cada palavra de arrependimento que ele proferia tudo que eu podia perceber era egoísmo, e só.
Eu sentia meu coração apertar, mas não podia adiar o fim de nós dois. Seríamos dois, mas não nós. E eu sentiria muita falta do tempo que éramos nós, de quando compartilhávamos planos, sonhos, e um futuro. Hoje, mesmo que fossemos nós, isso não existiria mais. Ele não sabia mais ser dois, ele era um e limitava esse espaço à existência de outro ser, e isso me sufocava.
Estávamos sentados, um de frente para o outro e, ele segurava minhas mãos próximas ao rosto dele e acariciava a face molhada de lágrimas com as minhas mãos, enquanto implorava que eu o perdoasse. Como perdoar alguém que não fez nada? Ele nunca fez nada para mim, simplesmente nada, e esse era o problema. O nosso relacionamento sempre foi ele, e nada mais. E de todas as lágrimas dele, de todas as palavras, eu só captava uma coisa naquele ambiente – além de perceber que minhas unhas estavam horríveis – que ele implorava pelo meu perdão com apenas um objetivo, para que ele se sentisse bem. SIM! EGOÍSMO DE NOVO!
Enquanto ele falava, e eu já não escutava devido à repetição, eu lembrava dos três anos que passamos juntos, e agora eu via como sempre foi assim. Ele sempre era o centro das atenções em tudo, e se não fosse, dava um jeito de ser. Ele tinha conseguido acabar com um amor que muitos juraram ser eterno, ele tinha acabado com a admiração que eu tinha por ele, e pelo homem que eu esperava que ele se tornasse - na verdade ele nunca se tornou um homem, era o mesmo garoto com quem eu brigava por besteiras há anos atrás.
- Não posso mais, pra mim acabou – foi o que eu consegui dizer, enquanto observava a expressão de susto que assombrava o rosto dele.
- Não, você não pode terminar um namoro tão longo, assim.
- Não fui eu quem terminou com ele, foi você.
Eu levantei, puxando minhas mãos com brutalidade das dele, peguei minha bolsa que estava jogada em cima da cama, e sai batendo a porta.
Ele não veio atrás, e com certeza achava que eu voltaria arrependida. Eu não consegui o olhar antes de fechar a porta do quarto, porque, por mais que eu não o amasse mais, eu não suportaria vê-lo sofrendo, e ao mesmo tempo tinha medo de ver felicidade nos lábios dele.
As lágrimas tomavam meu rosto e eu não agüentava. Por mais que aquilo tivesse terminado muito antes do adeus final, só naquele momento eu percebi que uma parte gigantesca havia sido arrancada de mim, afinal, três anos era um tempo longo pra se estar com alguém.
Encostei-me na parede no final do corredor, e escorreguei de leve por ela até encontrar o apoio do chão. Fiquei ali, chorando por um passado que talvez não valesse para mais nada. Eu tinha sonhado tantas vezes em contar para os meus netos de como eu o conheci, e dizer que o avô deles era perfeito, mas não seria assim. Agora uma parte do meu futuro tinha se apagado e eu não sabia como agir.

Desculpem-nos pela demora para uma nova postagem, estamos um pouco sem tempo ultimamente. Eu sei que o texto não ficou muito bom, mas é o único que eu tinha pronto.
Obrigada por tudo queridos leitores :*